terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Capítulo 08 - Primeiro beijo



O nome dele era Paulo. Um rapaz que cursava direito, tinha 24 anos, morava com a mãe e freqüentava a igreja. “Olha, um menino católico!”. Conversávamos com freqüência e ele era extremamente amigável e tranqüilo. Pra ele eu não mandei foto falsa, só disse que eu tinha um pouco de aflição em mandá-las nos primeiros contatos, afinal eu não sabia se podia confiar na pessoa que estava do outro lado. E ele se mostrou bastante compreensível.
Conversávamos sobre tudo: estudos, futuro, igreja, família, amigos, música, rotina etc. E volta e meia ele me perguntava se eu não criaria coragem de mandar uma foto pra ele ou, quem sabe, de conhecê-lo.
Já fazia alguns meses que eu o conhecia (eu já estava com 16 anos e cursando o segundo ano do colegial. Ele ainda com 24.) quando resolvi mandar uma foto minha mesmo. Ao ver a foto, ele foi muito educado e me elogiou. E em menos de duas semanas resolvemos nos conhecer pessoalmente.
No dia marcado, após a aula, peguei o celular e liguei pra ele. Combinamos de nos encontrar no apartamento dele. Fui sem grandes preocupações, já tinha avisado a minha mãe que só chegaria em casa tarde mesmo.  Ao chegar, ele me recebeu mega bem, tinha preparado um macarrão e tinha aqueles sucos de uva de caixinha em cima da mesa. Almoçamos e assim que terminamos, ele pegou um vinho, se não me falha a memória. Eu, careta, não aceitei. Ele então voltou pra cozinha com a garrafa e logo retornou pra sala onde estávamos.
Conversamos bastante. Na verdade foi mais um monólogo. Nada saia da minha boca, eu estava extremamente constrangido, era tudo absolutamente novo pra mim. Estava com um garoto gay, que sabia que sou gay, que era bonitinho, que me acha bonito e sozinhos numa casa. Era tudo de uma vez, e, eu estava muito apreensivo.
Ele então me levou pra quarto dele e ligou o computador. Lá me mostrou fotos de vários dos garotos do Mirc. Claro que eu achei aquilo um pouco inconveniente, mas não demonstrei nada na hora, eu estava aflito demais pra isso. Mas não pude deixar de pensar: “E as minhas fotos, será que mostrou pra outros caras?”.
Depois, voltamos pra sala, sentamos no sofá e ele se aproximou de mim e não demorou para me beijar... Era meu primeiro beijo, o tão aguardado, parecia mágico, estava ótimo até que mãos pra todos os lados começaram a me deixar incomodado e constrangido. Eu não imaginava que ele ia me alisar e apalpar daquele jeito tão, sei lá, intenso. Então eu fiquei meio em stand by. Deixei ele continuar, mas eu nem se quer sabia retribuir o beijo, que antes era doce e depois se tornou desesperado e angustiante.
Ele então levantou, pegou na minha mão e me levou ao quarto dele. Me deitou na cama, de bruços e deitou em cima de mim, ambos vestidos. Nessa altura do campeonato eu já sabia onde ele queria chegar. Minha reação era me mexer discretamente, tentando assim mostrar que eu estava negando a investida. E, enquanto eu fazia o máximo para ele perceber que eu não estava com o mesmo interesse que ele, eu chorava silenciosamente. Mas sem perceber meu desconforto ele abaixou as minhas calças e fez movimentos incômodos e invasivos, enquanto eu continuava chorando.
Não demorou para ele perceber que eu estava dificultando suas ações e desinteressado nas suas investidas sexuais, então ele se levantou, me pegou, dessa vez pelo braço, me levou pra sala e falou algo como: “Então pega essa sua mochila e sai daqui. Veio aqui pra quê? Vaza!”.
Chorei calado enquanto recolhia minha mochila. Saí do apartamento mais com medo do que com raiva. E ele, pra completar, bateu a porta nas minhas costas. Entrei na escada de incêndio e chorei de verdade. Chorei com vontade, de soluçar. Me senti um lixo, me senti enganado e me senti responsável. Tirei minhas calças e deixei minha cueca ali mesmo, na escada de incêndio. Vesti as calças e tentei me recompor. Depois de alguns minutos, naquela escada vazia, eu desci os andares que faltavam pro térreo, eram poucos, e voltei pra minha casa a pé com sol no rosto e com o cheiro dele em mim. Com nojo! Mas o pior de tudo é que o nojo não era só dele, era de mim e dos gays, pois nos avaliei como descontrolados sexuais e depravados.

3 comentários:

  1. isso é o que eu tenho mais medo, mas em fim... estou gostando muito de sua historia .. ansioso pra ler o restante hehehe

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  2. Olá, obrigado por ter respondido. Entendo seu anonimato, até porque é assim também que me coloco na apreciação de suas histórias, ou melhor, prefiro dizer sua história pela força de vida que as mesmas contém. Acompanhar seu blog me faz bem...Começo a me encorajar para revisitar minha história pessoal. Até...

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  3. Sou gay e muito sensivel,tenho 21 anos e morro de medo dessas brutalidasdes, sou virgem, e converso com kras pela net que querem me conheçer, tenho muito medo dles serem insensiveis

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